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Os carrinhos de cafezinho de Salvador ganharam um projeto que luta pelo reconhecimento destes instrumentos de trabalho como o primeiro patrimônio material e imaterial (ao mesmo tempo) a ser reconhecido pela prefeitura da capital. 

A partir do projeto “Salvador Vai de Cafezinho – Programa de Mobilização Social na Perspectiva da Salvaguarda dos Carrinhos de Café”, três ações dão início a esta luta: no dia 24 de abril a oficina de montagem de carrinho de café, no dia primeiro de maio, em homenagem ao Dia do Trabalhador, concurso virtual dos carrinhos de café, com premiações em dinheiro e júri de especialistas, e no dia 5 de maio abertura de exposição de fotografias.

O projeto também deseja chamar a atenção da cidade e dos poderes públicos e dar suporte financeiro, ainda que pequeno, aos participantes. “Nós estamos numa pandemia terrível e pela primeira vez essa premiação será em dinheiro. É uma ação cultural que chega em boa hora para o auxílio ao segmento dos vendedores ambulantes, muito sacrificados pelas restrições sanitárias. Os “cafezinhos” estão num momento ainda mais difícil e a premiação está desenhada para ser ampla, justamente para contribuir com a classe”, ressalta Edvard Passos, diretor artístico do projeto.

Como vai acontecer

O “Salvador Vai de Cafezinho – Programa de Mobilização Social na Perspectiva da Salvaguarda dos Carrinhos de Café” coloca no ar no dia 24 de abril, no seu site www.salvadorvaidecafezinho.com.br, que será lançado neste dia, e no YouTube da Fundação Gregório de Mattos,  o vídeo da  Oficina do Carrinho de Café, que apresenta a construção de um carrinho pelas mãos do artista plástico Alberto Pitta.

O vídeo conta ainda com as com contribuições do museólogo Eduardo Fróes, que fala sobre  a história do carrinho de café de Salvador, da performer Ana Dumas, que dá depoimento sobre  o futuro do carrinho e as novas mídias e da gestora Gabriella Melo, que trata do carrinho patrimônio cultural.

No dia primeiro de maio, Dia do Trabalhador, vai ser realizado o concurso “Salvador Vai de Cafezinho”, que terá premiações em dinheiro e júri de especialistas.

A escolha dos vencedores será a partir de vídeos realizados com celular pelos vendedores de cafezinho, enviados à comissão julgadora, formada por Alberto Pitta, Gerônimo Santana, Maria Menezes, pelo fotógrafo Adenor Gondim e pelo diretor do projeto Edvard Passos. 

Serão selecionados 10 finalistas e os prêmios são : 1º colocado R$ 5 mil; 2º colocado R$ 4 mil; 3º colocado R$ 3 mil. Os outros sete finalistas ganham R$ 600 cada. 

A cerimônia será conduzida e transmitida ao vivo pelo YouTube da Fundação Gregório de Mattos, pelo ator e roteirista Alan Miranda, que foi convidado por Edvard Passos para viver o personagem fictício Borra – vendedor ambulante de cafezinho do futuro que viaja de volta no tempo para reunir os colegas de profissão para juntos lutarem pelo reconhecimento na Câmara de Vereadores do carrinho de café como patrimônio cultural de Salvador.

O personagem é uma criação de Edvard, que desde 2010 trabalha com Alan. Borra será o MC do desfile virtual de carrinhos de café.

O projeto também está negociando junto ao Sebrae cursos de qualificação para os vendedores de cafezinho e organizando um grupo de WhatsApp com o papel de fomentar a consciência de classe entre eles e distribuirá cestas básicas para os inscritos, obtidas através de doações dos amigos dos Cafezinhos de Salvador.

Eduardo Fróes, museólogo e autor da importante dissertação Um patrimônio em movimento: os carrinhos de café nas ruas de Salvador (UFBA, 2018), afirma que nenhuma outra cidade foi capaz de produzir semelhante artefato.

Já o fotógrafo Roberto Faria afirma que a linguagem visual dos carrinhos de café de Salvador guarda valioso legado da expressão colorida das barracas de festas de rua. É um dos últimos artefatos remanescentes de uma típica visualidade, criatividade, singeleza e irreverência de uma determinada cidade da Bahia.